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Acessibilidade para pessoas com deficiência é ponto a favor do Câmpus Nova Iguaçu da UFRRJ

Recentemente, mais precisamente no início deste ano, o câmpus Nova Iguaçu/UFRRJ inaugurou as obras de reforma de seu estacionamento. Além da drenagem e pavimentação do local, rampas de acessibilidade para portadores de necessidades especiais foram construídas, e sua instalação objetivou a melhoria e a facilitação dos acessos às dependências do câmpus e às salas de aula, por parte deste público específico.

Foi dessa forma que chegamos a Guilherme de Lima Sales, estudante do 2º período do curso de Ciência da Computação, no Instituto Multidisciplinar da Universidade Rural, em Nova Iguaçu.

Carioca do bairro de Brás de Pina, desde os 4 anos de vida Guilherme se vê às voltas com dificuldades para se locomover. Cadeirante, ele foi diagnosticado como portador de um câncer na coluna vertebral, e foi quando começou sua Via-Crúcis. Internado no Instituto Nacional do Câncer (InCA), Guilherme submeteu-se a duros tratamentos para obtenção da cura.

Alfabetizado por sua mãe, dona Taísa Ribeiro de Lima, teve pouco contato com a educação formal naqueles tempos, por conta de sua doença. Aos 8 anos, foi dado como curado pelos médicos. Nessa época, a mãe foi fundamental em sua vida, pois tratou de procurar uma escola especializada para ele, a qual garantisse uma formação educacional qualificada e uma acessibilidade facilitada.

Guilherme contou que ficou dos 4 aos 8 anos de idade sem frequentar a escola. Foi ao lado da mãe que conseguiu enfim se alfabetizar, tentando ler os gibis que ela lhe passava para depois escrever no caderno aquilo que lia neles. Nessa época, seus irmãos não moravam com ele, pois Dona Taísa foi obrigada a levá-los para serem criados por parentes, pois eram muito pequenos. Nosso entrevistado chegou a residir em Ricardo de Albuquerque e Anchieta tendo estudado em Nilópolis, antes de cursar a atual faculdade no IM/UFRRJ. Mas teve que se internar de novo, após contrair uma bactéria no interior do Instituto Nacional do Câncer, onde na época ocorria uma obra de expansão das instalações (até hoje não concluída). Por conta disso, Guilherme ficou 2 anos internado e atrasou a conclusão de seus estudos no Ensino Médio. Já naquele momento, ele estava decidido a cursar Computação e Inovação Tecnológica.

O interesse pela área tecnológica               

Foi nesse período em que esteve novamente internado que Guilherme foi influenciado por esse ramo do conhecimento. Passava o tempo lendo revistas sobre computação e jogando videogames, pois estava impedido de jogar bola, correr e brincar como uma criança sadia. E sua curiosidade por esse universo da tecnologia acabou por lhe despertar atração pelo mundo da informática,  motivando-o a cursar a faculdade nessa área. Guilherme, hoje em dia, é formado em Técnico em Manutenção e Reparo de Computadores e se sente feliz e realizado com esse trabalho.

Voltou então a cursar o Ensino Médio entre 2013 e 2016, e experimentou uma emoção inusitada, até então. Aos 15 anos de idade, foi convidado a entregar as chaves da cidade do Rio de Janeiro ao Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude.

Guilherme explicou que, naquela época, praticava basquete como cadeirante e tirava excelentes notas nos exames escolares e, pelo fato dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos estarem programados para se realizarem no país, recebeu o convite para o evento com o Sumo Pontífice. Depois disso, foi-lhe prometido pelo governo da época que receberia transporte gratuito, que possibilitaria sua frequência à escola, promessa que não se cumpriu. Resultado: sua mãe ingressou na justiça e conseguiu o transporte que as autoridades governamentais haviam lhe prometido apenas “da boca para fora”.

Com isso, foi possível intensificar seus estudos numa escola de Nilópolis, já com atenção voltada para o ENEM e com enfoque na Ciência da Computação, pesquisando faculdades onde houvesse curso superior nessa área e com a presença do fator “acessibilidade”.

Sua primeira opção foi a UFRJ, na Ilha do Fundão, mas ficou receoso em razão da pouca acessibilidade do local. Fez, então, a prova do ENEM e passou em primeiro lugar para a UFRJ, ficando em segundo na outra opção que foi justamente a Universidade Rural. Guilherme veio conhecer as instalações locais do câmpus Nova Iguaçu e chegou no momento em que estavam sendo realizadas as obras no estacionamento, com rampas de acesso aos portadores de necessidades especiais. E quando se deparou com isso, ficou feliz ao constatar que não precisaria da ajuda de ninguém para ali se locomover.

O aluno Guilherme revelou ter sido a facilidade do acesso presente no câmpus Nova Iguaçu o elemento determinante para a sua escolha em estudar Computação na Rural, em detrimento da UFRJ. Ele garantiu que o curso de Ciência da Computação tem correspondido às suas expectativas de estudante, apesar do impacto inicial da realidade entre as disciplinas do Ensino Médio e aquelas cursadas na Faculdade. Guilherme destacou que o curso do IM deu a ele a perspectiva de se tornar futuramente um profissional competitivo neste setor, pois estimula a criatividade dos alunos.

Obras de acessibilidade na universidade

Guilherme definiu as obras recentes no câmpus Nova Iguaçu da Rural como resultado do esforço da UFRRJ em contribuir na viabilização do acesso democrático e universal ao ensino superior público. Ele declarou-se feliz nesse aspecto, de ter a oportunidade de se locomover com facilidade no interior do câmpus e de aprender uma profissão, num curso de qualidade e excelência como esse que está cursando. Um fato que chamou sua atenção foi a humanização do espaço acadêmico proporcionado pelas obras, além de democratizar o acesso a esse público e aos demais.

Em suma, o que Guilherme fez questão de expressar é que a pessoa com deficiência necessita e quer ser vista da mesma maneira que as demais, e tais equipamentos de acessibilidade existentes no Câmpus da Universidade Rural em Nova Iguaçu propiciam um tratamento igual para todos, sem nenhuma distinção.

Outro aspecto importante a se destacar é o trabalho desenvolvido pelo NAI/Rural – RJ (Núcleo de Acessibilidade e Inclusão) que no Câmpus Nova Iguaçu da Rural funciona na Sala 104, prédio da Pós-Graduação. Ele está vinculado a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), mas também faz parceria com a Pró-Reitoria de Extensão (Proext) e ainda atua junto a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes).
 
Dividido em 8 comissões, o NAI/Rural – RJ  é coordenado por uma das idealizadoras do projeto na UFRRJ, a professora Márcia Pletsch. Ela afirmou que o objetivo do núcleo é trabalhar com as coordenações de cada curso, para que a partir daí elas forneçam todo o apoio que os alunos com deficiência necessitam.

Guilherme parabenizou a UFRRJ por mais essa iniciativa.

Por Ricardo Portugal – Assessoria de Imprensa do IM/UFRRJ

O estudante Guilherme de Lima Sales, no estacionamento do Câmpus Nova Iguaçu/UFRRJ