A assistência estudantil sempre foi um tema prioritário à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Até o ano de 2008, as ações voltadas para a área, em nossa instituição, eram financiadas com recursos de seu próprio orçamento e estavam restritas às seguintes ações: a) concessão de vagas gratuitas nos alojamentos universitários; b) concessão de alimentação subsidiada para todos os estudantes no Restaurante Universitário (RU); c) concessão de bolsas de alimentação por carência no RU, com contrapartida em trabalho.
A partir de 2008, com a criação do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), esta realidade mudou significativamente, pois a UFRRJ passou a contar com uma dotação de recursos orçamentários específica para o financiamento das ações de assistência estudantil, o que possibilitou ampliação e diversificação do atendimento aos estudantes, mediante a institucionalização, em março de 2017, de um programa próprio, que contempla o oferecimento de auxílios financeiros e não financeiros nas áreas da moradia, alimentação, transporte, esporte, apoio didático e pedagógico, creche, acessibilidade e inclusão digital. O vice-reitor da UFRRJ, professor César Da Ros, foi o pró-reitor de Assuntos Estudantis de 2013 a 2021, e teve um papel decisivo na institucionalização desses auxílios. O protagonismo do professor César Da Ros em defesa da assistência estudantil foi tão expressivo que ele coordenou o Fórum de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (Fonaprace) de 2017 a 2019.
No que se refere à assistência alimentar, com questões diretamente ligadas à execução das obras do RU, a comunidade universitária da UFRRJ acompanhou, ao longo da última semana, uma série de episódios lamentáveis, que tiveram uma grande repercussão. O episódio mais emblemático ocorreu no dia 1° deste mês, quando vídeos com o nosso vice-reitor, professor César Da Ros, circularam nas redes sociais.
Isto gerou um sentimento de indignação, não pelo fato de um membro da Administração Central da Universidade estar consumindo a alimentação fornecida aos estudantes, mas porque ali estava um servidor público no exercício de seu cargo, tendo sua imagem exposta de forma vexatória, sem o seu consentimento, em uma clara demonstração de desrespeito à sua pessoa. É importante esclarecer que já havia um canal de diálogo aberto com os estudantes desde o dia anterior, quando houve uma reunião de três horas na Reitoria, com cerca de 30 estudantes, na qual estiveram presentes o reitor, o vice-reitor e a pró-reitora de Assuntos Estudantis. Ou seja, a Administração Central estava ciente do problema e já havia tomado providências junto à empresa que fornece a alimentação.
A nota encaminhada pelos diretores e vice-diretores dos institutos expressou os sentimentos de muitos membros da comunidade, ao se solidarizar com o professor Da Ros e se colocar não de forma autocrática, mas a favor do respeito institucional, que deve nortear o relacionamento entre os segmentos discente, docente e técnico-administrativo, que compõem a comunidade universitária. Notas de solidariedade externas à UFRRJ também foram publicadas, demonstrando que a forma desrespeitosa assumida por aquela manifestação chocou muitos daqueles que se dedicam ao serviço público e constroem, no seu cotidiano, a universidade pública brasileira. Mesmo quando há razões justas, o protesto não pode resultar em desrespeito e depreciação da pessoa e da imagem do servidor público.
O contexto de contingenciamento e corte de recursos financeiros, associado a diversas amarras legais e burocráticas que engessam o funcionamento mais geral do setor público, criam um cenário bastante adverso à gestão das universidades. Esta Administração Central está trabalhando de maneira firme para solucionar a questão da alimentação, uma vez que a empresa licitada forneceu, por reiteradas vezes ao longo da semana, refeições de qualidade higiênico-sanitária e nutricional duvidosa para a alimentação dos estudantes. O ápice foram as quentinhas fornecidas na última sexta-feira (3/6), que, por suas características de odor e consistência, não estavam em condições de consumo. Tal situação trouxe um significativo agravante ao estresse vivido pelos estudantes ao longo da semana.
Informações distorcidas estão sendo veiculadas em redes sociais a respeito de demissões de servidores terceirizados e substituição da coordenação do Restaurante Universitário como sendo motivos para a precarização no fornecimento da alimentação aos estudantes, o que em nada refletem a veracidade dos fatos. A nota emitida na última sexta-feira (3/6) relata, com clareza, o histórico dos fatos.
É preciso analisar toda a situação passada dentro de um contexto maior de contingenciamento e de corte de recursos financeiros das universidades, somados à existência de diversas amarras legais e burocráticas que engessam o funcionamento geral do setor público. Isto dificulta tremendamente a conclusão de obras essenciais, além da extinção de inúmeros cargos, que impõe a terceirização da prestação de serviços. Tudo isto, entre outros fatores, contribui para a complexidade do quadro que vivenciamos. Nesse cenário bastante adverso à gestão das universidades, reiteramos nosso compromisso com o diálogo para a busca de soluções, desde que de maneira respeitosa e condizente com uma instituição de ensino, pesquisa e extensão que se quer democrática, inclusiva e de excelência.
Seropédica, 10 de junho de 2022
Administração Central da UFRRJ
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