Iniciativa de pesquisadores dos câmpus de Seropédica e de Nova Iguaçu traz visibilidade para situação da Baixada Fluminense
A letalidade da Covid-19 é um dos dados sobre os quais se debruçam cientistas de todo o mundo. Trata-se do índice que revela a proporção entre o número de mortes causadas pela doença e o número total de pessoas infectadas ao longo de um determinado período de tempo. A Baixada Fluminense concentra a maioria dos municípios do estado do Rio de Janeiro com altas taxas de letalidade pelo novo coronavírus. Em 21 de outubro, por exemplo, Nilópolis e São João de Meriti amargavam índice de letalidade maior do que 12%, número bem acima da média nacional de 2,9%[i].
A constatação de que a Covid-19 é mais letal em municípios da Baixada, amplamente divulgada na imprensa na última semana, aparece em mapas feitos por pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O chamado Atlas da Evolução da Pandemia de Covid-19 retrata diariamente os casos confirmados, óbitos e letalidade da doença nos municípios fluminenses, em geral, e na Região Metropolitana do Rio. Para construção dos mapas, os pesquisadores utilizam os dados oficiais divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado.
Coordenado pelo professor Gustavo Mota de Sousa, do Departamento de Geografia do Instituto de Agronomia (IA) e do Laboratório Integrado de Geografia Física Aplicada (Liga), com apoio dos professores André Santos da Rocha e Leandro Dias de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGEO), o projeto integra o Laboratório Aberto do Programa de Pós-Graduação em Humanidades Digitais (PPGIHD). “No momento de isolamento social, senti a obrigação de, como professor da Universidade na área de geotecnologias, contribuir com mapas temáticos sobre essa doença para a sociedade, mesmo sabendo de algumas limitações como a subnotificação dos casos”, conta Gustavo.
O principal objetivo da pesquisa, que começou em abril, é a divulgação do conhecimento espacial sobre a pandemia. A cartografia temática é um recurso amplamente utilizado em diferentes estudos nas áreas socioambientais e da saúde. De acordo com o professor, a percepção dos caminhos percorridos pelos casos confirmados, óbitos e letalidade na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana é uma contribuição da Universidade para auxiliar na ação dos governantes municipais. Além disso, os mapas diários trazem uma história que não deverá ficar restrita ao momento atual e que merece ser compreendida para momentos futuros no tocante ao combate a diferentes doenças epidêmicas.
“A pesquisa fomenta discussões sobre a dinâmica espacial da Covid-19 vistas através da modificação dos dados ao longo do tempo sobre a contaminação da população. É importante que a sociedade observe a velocidade de propagação da doença e os seus efeitos de maneira espacial. Esta espacialização dos dados traz questionamentos que vão além dos gráficos e médias móveis tão presentes na mídia”, explica Gustavo.
Para produção diária dos mapas, o docente conta com a colaboração das graduandas do curso de Geografia Patrícia Regina Pires Pereira, monitora das disciplinas Cartografia Temática e Digital e Geoprocessamento, e Camila Gonçalves dos Santos, pesquisadora recém-contemplada pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/UFRRJ). Desde o início do projeto de mapeamento da Covid-19, os pesquisadores da UFRRJ elaboraram artigos científicos que trazem diversas análises para a Região Metropolitana e outras regiões do Estado.
Além do material de pesquisa disponível no OpenLab, em maio foi publicado o artigo “A Covid-19 na Baixada Fluminense: Colapso e apreensão a partir da periferia metropolitana do Rio de Janeiro”, na Revista Espaço e Economia. A experiência também foi apresentada na conferência on-line Human, Development and Enviroment: Exploring new equations in pandemic and post pandemic world, disponível no YouTube, a partir do tempo de 6h57minutos do vídeo; e no projeto de extensão “Papos Cartográficos” conduzido pelo Laboratório de Cartografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Vejo que a Rural está realmente dando a sua contribuição contra a Covid-19 em diferentes frentes e estou muito feliz em participar. O projeto do OpenLab, cujo objetivo é agregar conhecimento científico para o enfrentamento da pandemia, é um grande exemplo disso na região da Baixada Fluminense ”, conclui Gustavo.
O Atlas da Evolução da Pandemia de Covid-19 está disponível para consulta pública em http://liga.ufrrj.br/covid19/
Para saber mais sobre o OpenLab do Programa de Pós-Graduação em Humanidades Digitais (PPGIHD/UFRRJ), acesse: https://www.ppgihd-open-lab.com/
[i] Dado de 21/10/2020 disponível em: https://covid.saude.gov.br/
Por Michelle Carneiro – jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade Rural (CCS/UFRRJ)
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